sábado, 22 de novembro de 2008

Imagem que retrata a queda da Bastilha

A Assembléia Nacional

A Reunião dos Estados Gerais em maio de 1789, no Palácio de Versalhes, dava de imediato vantagem ao clero e à nobreza. Isso porque a votação dos projetos seria feita em separado, por ordem social e não por cabeça. E clero e nobreza, aferrados a seus privilégios, tendiam a votar sempre de maneira unânime contra o povo. Este, representado pela burguesia, ciente de sua posição desfavorável, passou a contestar diretamente a organização da assembléia, exigindo um número de representantes igual ao do Primeiro e do Segundo Estado somados, além da votação por cabeça das propostas.
Após um mês de discussões infrutíferas, o Terceiro Estado separou-se dos outros dois, proclamando-se o legítimo representante da nação. Seus deputados declararam-se em Assembléia Nacional, atribuindo-se poderes de regular os impostos e fiscalizar o rei. Estabelecia-se, assim, o primeiro ato revolucionário. O rei, em represália, expulsou do palácio os representantes do povo, alegando a necessidade de reformas inadiáveis no salão de reuniões.
A atitude do rei não intimidou a burguesia que, apoiada pelas camadas populares, reuniu-se em separado, no prédio onde se praticava o jogo da péla, propondo-se a elaborar uma Constituição para o país. O rei, temendo perder por completo o controle da situação, obrigou o clero e a nobreza a se unirem à burguesia. Os Estados Gerais proclamaram, então, a Assembléia Nacional Constituinte. Luís XVI aceitava torna-se um monarca constitucional e comprometia-se a abolir o privilégio fiscal. Porém, pretendia manter a ordem social, tramando secretamente com tropas mercenárias estrangeiras a contra-revolução.
Em Paris cresciam as atividades revolucionárias; armas foram distribuídas à população. Em substituição ao exército real, organizou-se a Guarda Nacional - milícia burguesa, que foi o embrião do exército revolucionário -, chefiada pelo Marquês de La Fayette.
O povo parisiense, revoltado e temendo o deslocamento para a capital das tropas fieis ao rei, engrossadas por mercenários suíços, assaltou no dia 14 de julho de 1789 a prisão da Bastilha. Os camponeses se sublevaram, incendiando e saqueando os castelos dos nobres. Começava a Revolução Francesa. A partir de então, propagou-se um sentimento de ansiedade por todo o país - o Grande Medo - que forçou nobres e grandes proprietários a emigrarem para o exterior, onde tentavam se reorganizar para invadir a França e restabelecer o Antigo Regime.

O quadro econômico francês (continuação)

4- Finanças
A desastrosa administração financeira realizada na França desde o governo de Luís XV arruinava o Tesouro Público. Além dos pesados gastos com a manutenção de uma Corte parasita, a monarquia enfrentava o crescimento desenfreado de sua dívida externa, em razão de empréstimos contraídos junto a bancos estrangeiros. Esses débitos acumulados, em virtude de gastos militares em guerras sucessivas, se agravaram quando os banqueiros se negaram a renovar os créditos, devido ao não pagamento dos juros dos compromissos anteriores.
Mesmo obtendo vantagens territoriais em 1783, no Tratado de Versalhes, com a recuperação da Louisiana, cedida vinte anos antes para a Espanha, e de uma parte da Antilhas, o envolvimento francês na Guerra de Independência dos Estados Unidos decretou a bancarrota do Tesouro Nacional.
Na tentativa de controlar a crise econômica e a violenta inflação dela decorrente, os ministros das Finanças de Luís XVI decidiram retirar os privilégios fiscais da aristocracia. Passariam a cobrar impostos aos nobres, já que o Terceiro Estado, atingido diretamente pela depressão econômica, não poderia suportar um novo aumento na tributação. As propostas de taxação racional e eqüitativa não foram aceitas pelo Primeiro e nem pelo Segundo Estado, e essa resistência acabou sendo responsável pela freqüente troca de ministros da área econômica.
Não conseguindo solucionar os problemas econômicos apenas com seus administradores, Luís XVI tentou passar ao Primeiro e Segundo Estado a responsabilidade de resolver o impasse financeiro da França. Para tanto convocou a Assembleia dos Estados Gerais - assembleia dos representantes das três ordens sociais, que discutiam o aumento de tributos. Os Estados Gerais haviam sido convocados pela última vez, em 1614, durante o governo de Luís XIII.

O quadro econômico francês (continuação)

3- Comércio

Dentro da França, o comércio sempre fora dificultado pela permanência das alfândegas internas - cobrança de pedágios e taxas de passagem - características da época feudal, que impediam uma circulação mais ampla de mercadorias e uma maior integração entre o campo e as cidades.
Já o setor de comércio externo entrou em declínio, no século XVIII, em virtude da perda de colônias (como as Antilhas, o Canadá e as Índias), que fez diminuir o fluxo de matérias-primas e manufaturas. A crise no setor comercial, com a perda de mercados e a diminuição do lucro, contribuiu para agravar a difícil situação dos setores industrial e agrícola.

O quadro econômico francês (continuação)

2- Indústria
Nos centros urbanos coexistiam três formas de organização industrial:
• As corporações de oficio, que conservavam as formas medievais de produção. Como as corporações geravam receitas para o governo, esse sistema ainda era mantido, apesar de representar um entrave ao desenvolvimento da indústria capitalista. A produção corporativa era limitada e, portanto, o insuficiente para atender as necessidades do mercado. Isso fez desenvolver no campo inúmeras indústrias domésticas, principalmente de tecidos, que dependiam dos mercadores burgueses para a obtenção de matérias-primas e para a comercialização.
• As manufaturas reais – grandes empresas exploradas pelo Estado –, criadas no século XVII por Colbert (ministro de Luís XIV). Essas empresas dedicavam-se à produção de artigos de luxo (tapetes, porcelanas, cristais etc.), destinados à exportação ou ao consumo das altas camadas da população. Organizadas segundo os moldes mercantilistas, elas limitavam os investimentos produtivos dos capitais burgueses e a livre concorrência.
• As grandes empresas particulares, com maquinaria dispendiosa e utilização de mão-de-obra assalariada, que se dedicavam à siderurgia e à produção de tecidos (linho, cânhamo e seda). Devido ao grande volume de capitais requeridos para sua implantação, eram pouco numerosas na França.
Como o desenvolvimento industrial estivesse estreitamente ligado ao setor agrícola, que lhe fornecia as matérias primas, a crise que ameaçou o campo repercutiu desfavoravelmente nas empresas francesas em fins do século XVIII.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O quadro econômico francês

1- Agricultura

A economia francesa estava bastante abalada, a começar pelo setor agrícola, onde as péssimas condições de trabalho, aliadas às crises climáticas cíclicas desde 1784, provocaram uma onda de fome e revolta. O camponês estava submetido ao pagamento de obrigações, em espécie ou dinheiro, tanto para a nobreza como para o clero, além de pagar impostos reais que recaíam sobre seus bens.
Dessa forma, quando a agricultura sofreu uma série de contratempos (secas, enchentes, más colheitas), a partir da segunda metade do século XVIII, esses trabalhadores foram castigados com a taxação de impostos. E, para cumprir os deveres fiscais,viram-se obrigados a vender seus modestos bens e até mesmo seus instrumentos de trabalho. Ao se sublevarem, os camponeses eram reprimidos com violência pela tropas reais, o que contribuía para agravar as tensões já existentes entre o povo e as camadas privilegiadas.